quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A CULTURA SÃOCARLENSE PERDE UM DE SEUS PRINCIPAIS ÍCONES. DEIXOU-NOS NÉVIO DIAS.


Homem de teatro, escritor, pesquisador, Névio Dias deixa-nos o legado primoroso de uma vida plena de trabalho, de conquistas, de exemplos dignos. Fomos amigos, o que me orgulha. Para registrar minha saudade, anoto sua última visita a Descalvado, ao meu gabinete.

Três pancadinhas na porta (habitual).
- Posso entrar?
Um rosto com sorriso ímpar aparece. Então, ele entra, para na bandeja com a garrafa térmica e toma um café. Estende a mão, cumprimenta-me e senta-se à minha frente. E um bom bate-papo toma conta dos momentos seguintes.
Um grande amigo, o Névio. Aparecia sempre, sem data marcada, sem agenda. Vinha como amigo mesmo. Para me ver e tomar um café comigo. E contar as suas idas e vindas. Talvez até encontrar objetos para suas pesquisas. Mostrar-me seus manuscritos, suas minutas...
A última vez que me visitou foi em agosto. Eu o vi um pouco triste, mas não desanimado. Falou-me de idéias, planos futuros, mas segredou-me que não tinha muitas esperanças de novas promoções.
- Não sei se chego lá, Villani. Estou com idade muito avançada...
Falei-lhe sobre nosso encontro em Franca.
- Desta vez, não irei. Não estou com vontade... Não ando muito bem. O Carlos vai entender.
O Névio, de repente, despediu-se. Fui até a porta, acompanhando-o como de costume. Deu-me vontade de ir com ele até o carro. No estacionamento, um segundo abraço de despedida. E procurei segui-lo com o olhar até ver seu carro desaparecer atrás da estação ferroviária.
Até mais, amigo Névio! Que Deus te acompanhe pela eternidade.
Foto de Reginaldo Emídio.

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