sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ESSA É DAS BOAS!


CULTURA: "CHOMSKY E A MÍDIA" - NEY VILELA.



Chomsky realiza uma interessante análise dos meios de comunicação de massa em suas estruturas e restrições, além de seu papel no apoio aos interesses das grandes empresas. Como cidadão norte-americano, é evidente que Chomsky ilustra suas análises com exemplos da ação dos grandes empresários e do governo de seu país. Mas talvez seja impreciso dizer, como fazem alguns de seus críticos, que as observações de Chomsky a respeito da mídia tenham validade apenas para a realidade dos EUA.
A análise dos meios de comunicação de massa parte do seguinte princípio: diferentemente dos sistemas políticos totalitários, nos quais a força física pode ser facilmente usada para coagir a população como um todo, as sociedades mais democráticas precisam se valer de meios de controle bem menos violentos. Em uma fase frequentemente citada, Chomsky afirma que "a propaganda representa para a democracia aquilo que o cacete significa para o estado totalitário."
Em Fabricando o Consenso, livro escrito em conjunto por Edward S. Herman e Noam Chomsky, os autores exploram este tema em profundidade e apresentam um modelo de propaganda dos meios de comunicação com numerosos estudos de caso extremamente detalhados para demonstrar seu funcionamento.
Para que se avance no estudo do modelo de propaganda, definiremos operacionalmente viés social como inclinação ou tendência, de uma pessoa ou de um grupo de pessoas, que impede julgamentos e políticas imparciais e justas para a sociedade entendida como um sistema social integral. É dessa forma que Chomsky explica a existência de um viés sistêmico dos meios de comunicação em termos de causas econômicas e estruturais ao invés de uma conspiração criada por algumas pessoas contra a sociedade.
Em resumo, o modelo mostra que esse viés deriva da existência de cinco filtros que todas as notícias precisam ultrapassar antes de serem publicadas e que, combinados, distorcem sistematicamente a cobertura das notícias pelos meios de comunicação.
1. O primeiro filtro - o da propriedade dos meios de comunicação - deriva do fato de que a maioria dos principais meios de comunicação pertence às grandes corporações empresariais.
2. O segundo - o do financiamento - deriva do fato dos principais meios de comunicação obterem a maior parte de sua receita não de seus leitores, mas sim de publicidade (que, claro, é paga pelas grandes empresas). Como os meios de comunicação são, na verdade, empresas orientadas para o lucro a partir da venda de seu produto (os leitores, ouvintes ou espectadores) para outras empresas (os anunciantes!) o modelo de propaganda prevê que se deva esperar a publicação apenas de notícias que reflitam os desejos, as expectativas e os valores das empresas anunciantes.
3. O terceiro filtro é o fato de que os meios de comunicação dependem fortemente das grandes empresas e das instituições governamentais como fonte de informações para a maior parte das notícias. Isto também cria um viés sistêmico contra a sociedade.
4. O quarto filtro é a crítica realizada por vários grupos de pressão que procuram as empresas dos meios de comunicação para pressioná-los caso eles saiam de uma linha editorial que esses grupos acham a mais correta (isto é, mais de acordo com seus interesses e não os interesses de toda a sociedade).
5. As normas da profissão jornalista, o quinto filtro, refere-se aos conceitos comuns divididos por aqueles que estão na profissão do jornalismo.
Ney Vilela

sexta-feira, 20 de setembro de 2013