sexta-feira, 17 de maio de 2013

AS ORIGENS DO TEATRO AMADOR BRASILEIRO, POR NEY VILELA.


Na sexta-feira, dia 1º de maio de 1500, frei Henrique Soares de Coimbra caprichou nos detalhes cênicos sobre o grande palco que ele mandara erguer. Toda a tripulação da esquadra de Cabral foi autorizada a deixar as naus e, “cantando em maneira de procissão”, com os estandartes da Ordem de Cristo desfraldados à frente da comitiva, mais de mil homens seguiram em direção ao local “onde nos parecera ser melhor fincar a cruz, para melhor ser vista”.

Em verdade, seria difícil deixar de ver a cruz, pois ela passava dos sete metros de altura. Era tão pesada, que os índios ajudaram os marinheiros a carregá-la. A missa, na verdade, foi conduzida como um evento teatral. Atraiu a atenção de aproximadamente 150 índios: nossa primeira plateia. Como se vê, o Teatro Amador brasileiro é tão velho quanto o Brasil.

O nosso primeiro diretor e escritor teatral amador, José de Anchieta, entra em cena meio século mais tarde. Quando chega ao Brasil, no dia 13 de junho de 1553, Anchieta é um jovem de 19 anos de idade, de compleição frágil e que padecia de "espinhela caída”.

Em sua infância e adolescência, Anchieta recebeu influências culturais renascentistas e da agitação reformista que abalava as estruturas do catolicismo. Mas sua formação também se construiu sobre tradições espanholas, açorianas e portuguesas, além de receber algumas informações sobre costumes africanos.  No ano de 1548 inicia seus estudos de seminarista no momento em que se rompe a unidade cristã ocidental com a Reforma Protestante: a Igreja decide se apoiar, para conter o avanço do protestantismo, no tribunal da Santa Inquisição, no índice de Livros Proibidos e na Companhia de Jesus.

O que faltava de vigor físico ao jovem padre, no momento em que chegou ao Brasil, sobrava em sensibilidade. Anchieta logo percebeu o quanto os pequenos índios, os “curumins”, se encantavam com as encenações vinculadas à liturgia. Por isso, tendo em vista alguns objetivos didáticos e de proselitismo religioso, Anchieta decidiu-se por produzir e encenar peças teatrais.

Os textos criados eram autos, inspirados no teatro de Gil Vicente (1465-1537) com o qual Anchieta teve contato, no seu tempo de estudos em Coimbra. Os autos são composições religiosas-pastoris, que têm como tema central os valores da época. Gil Vicente, expoente da dramaturgia portuguesa renascentista, costumava enxertar, nos seus textos, conselhos e advertências, condenando a cobiça, o poder do dinheiro, os vícios vinculados à luxúria.

Gil Vicente analisava, com certa agressividade, a sociedade portuguesa, utilizando o Teatro como órgão da opinião pública. Ele pintava a sociedade, carregando nas tintas quando se tratava de expor os defeitos humanos. A rispidez de Gil Vicente influenciou Anchieta, mas também podemos encontrar na obra do “vigário dos índios” traços dos escritores teatrais espanhóis (que, portanto, escreviam na língua materna de Anchieta), como  Calderón de La Barca e Tirso de Molina. José de Anchieta jamais chegou a escrever tão bem quanto seus inspiradores: sua obra teatral está repleta de moralidades e de mistérios, mas é muito mais singela, linear, em seus conflitos e tratamento dos temas.

Anchieta herdou de Gil Vicente a temática maniqueísta do confronto entre Bem e Mal. Ambos apresentavam o Demônio um ente malévolo, que apresentava suas razões com discursos galhofeiros e fanfarrões, confrontando-se com o Anjo. O embate não é direto: a luta é pela alma de alguém. No caso de Gil Vicente há alternância: hora vence o Bem; hora vence o Mal. Em Anchieta, as preocupações didáticas o levam a fazer com que o Bem seja sempre vencedor.
Ney Vilela
Coordenador de Artes e Cultura da Prefeitura Municipal de São Carlos
Coordenador Regional do Instituto Teotônio Vilela de Estudos Políticos
rofessor de Teorias da Comunicação da Faculdade de Comunicação Social da Fundação Raul Bauab

 

 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

ROBERTO VILLANI É O AUTOR DE TEM UM MORTO NA MINHA CAMA.


O Grupo Cênico Regina Pacis estreia no próximo sábado (com reapresentação domingo) o espetáculo "Tem um Morto na MInha Cama" de Roberto Villani.
Roberto Villani é autor teatral muito prestigiado e premiado. Sua peça infantil mais conhecida e mais premiada é 'Ploc, a Borboleta mais linda que já vi" já montada em várias cidades brasileiras e em outros países. Sua obra dramática compõe-se de diversos textos, infantis e adultos, com encenações no Brasil, América Latina e Japão. É autor também de 'Educação Artística' - obra sobre teatro, cinema, música e artes plásticas; 'Isabel, Quermesse e Luar' - livro de contos e crônicas e do livro "Bar dos Morcegos e outros inacreditáveis". É diretor teatral e dirigiu "Zanzalá - O Cubatão do Futuro', de Afonso Schimdt, 'Festa Brasil' (espetáculo baseado no folclore brasileiro) e 'No Bosque dos Sabiás', ambos de sua autoria.Lecionou História da Cultura e Folclore na Faculdade de Turismo de Santos. Há mais de 30 anos ministra cursos de Oratória, Criatividade Redacional, Dinâmica de Grupo, Teatro Aplicado à Educação, entre outros. Foi Diretor de Cultura da cidade de Descalvado, São Paulo.
E sua peça "Tem um Morto na Minha Cama" agora é produzida pelo Regina Pacis. É uma comédia em que uma mulher viúva casa-se novamente e desfruta do dinheiro do novo marido. O apartamento em que vivem foi comprado por ela com o dinheiro do seguro pago pela morte do primeiro marido. Mas este, que não estava morto, retorna .Então, uma sucessão de encontros e desencontros acontecem. O elenco é formado por Ana Maria Medici (Nanà), Val Mataverni (Miguel - marido atual) e José Luiz do Prado (Costa - primeiro marido). A direção é de Hilda Breda. Cenário e figurinos de Adilson Vieira.
Sobre a escolha de seu texto para ser montado, Roberto Villani comenta: "Regina Pacis é um grupo de teatro que sustenta mais de cinquenta anos de sucessos. Que mais poderia um autor almejar senão ver um texto seu nas mãos dessa fabulosa equipe de artes cênicas? Tem um Morto na Minha Cama pelo Regina Pacis haverá de me reconduzir à alegria do êxito e da certeza de que minha vida dedicada ao teatro não foi em vão".

Abraços,
Hilda (Diretora do espetáculo)

As apresentações de TEM UM MORTO NA MINHA CAMA serão sábado às 20h30 e domingo às 19h. Ingressos: R$5,00; R$3,00 (com filipetas) e grátis para maiores de 50 anos. Estudantes pagam meio ingresso em ambas as peças. O Teatro Elis Regina fica na av. João Firmino, 900 – Bairro Assunção – tel.: 4351.3479.
Na foto acima, o autor Roberto Villani e a diretora Hilda Breda.

terça-feira, 14 de maio de 2013

PEDRA OU VIDRAÇA? EIS A QUESTÃO. MAGNÍFICO TEXTO DO JORNALISTA CARLOS PINTO.



Carlos Pinto, jornalista.
 
“O mal que os homens fazem
permanece após sua morte.
O bem, esse quase sempre é
enterrado com seus ossos.”
(William Shakespeare)

           Ser pedra ou ser vidraça, é uma questão que as pessoas têm que resolver quando assumem determinadas posturas. Ser pedra é sempre mais fácil, mas diz um provérbio zen budista que, “toda facilidade traz dificuldades e toda dificuldade traz facilidades”. Ter uma postura coerente, é sempre mais difícil que escolher um creme da Natura. É uma questão de maturidade, de conhecimento fundamentado.

Quando você escreve um texto ou posta sua opinião no facebook, tem que estar atento que, do outro lado, nem todo mundo é o idiota que você pensa que seja. Não somos a sua imagem refletida em um espelho de um quarto de qualquer motel. As pessoas têm histórias de vida, muito mais vivência, algumas delas possuem sequelas deixadas pela luta contra a ditadura. Principalmente contra a censura que imperava nas redações, e contra a qual lutamos e enfrentamos detenções e prisões para permitir a tão decantada liberdade de expressão.

Adotar uma postura de censor contra este ou aquele individuo, ou contra este ou aquele grupo de cultura só porque detém uma posição de mando em um órgão de imprensa, é na realidade uma deturpação de caráter e de conduta. Os que lutam pelo mercado de trabalho no meio cultural desta cidade, têm todo o direito de fazê-lo. E devem fazê-lo por todos os meios legais que estejam disponíveis. Inclusive pelo uso da palavra.

Como escrevi antes, ser pedra é muito fácil, censurar trabalhos de poetas e escritores, omitir informações sobre a realização de eventos envolvendo artistas da cidade, dar três ou quatro linhas sobre apresentações da Orquestra Sinfônica, ou dos grupos de dança da cidade. Só que agora o que era pedra virou vidraça, e neste país todo mundo é muito religioso mas não costuma dar a outra face. A coisa é mais ou menos na base de Talião: olho por olho, dente por dente. Coisas da globalização, uma invenção do capitalismo selvagem para nos manter algemados e atrelados a castradores da opinião pública.

Mas não queremos ser castrados e muito menos algemados por nenhum neófito, que culturalmente está a quilômetros de distância de todos nós, que não possui uma história de vida solidificada, que não é capaz de distinguir em um palco, o que é uma rotunda, uma bambolina ou uma perna. Que não sabe o que é um urdimento. Garanto que nenhum desses materiais que aqui citei, faz parte da composição de nenhum creme de beleza.

Lutar pelo que se entende como nosso direito não pode ser cerceado por ninguém, a menos que estejamos voltando aos tempos da ditadura. Se tal estiver ocorrendo, creio que as armas terão que ser outras, muito embora sempre acreditasse na força das palavras. Segundo disse um velho general no passado, “lute com a força das suas ideias porque elas têm mais força que a força dos meus canhões.”

Vou ficando por aqui, e entendendo cada vez mais, a força dos pensamentos e palavras de William Shakespeare. Por acaso você já leu alguma coisa de Shakespeare? Devia. Talvez aprenda que guardar ressentimentos, é como tomar veneno esperando que outro morra.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

PARCERIA COM A EMPRESA DR CONTÁBIL DO GRUPO STEFANE.




Acabo de firmar parceria com a empresa DR CONTÁBIL, do Grupo Stefane, de São Carlos -SP, com vistas a cursos de atualização e capacitação, tais como ORATÓRIA, ÊXITO PESSOAL E PROFISSIONAL etc.
 Em breve estaremos lançando o primeiro curso de Oratória em São Carlos. Aguardem!
Roberto Villani
 
O Grupo Stefane é um dos grandes grupos empresariais privados da região de São Carlos. Organizada como holding de capital fechado e controle familiar, consolidou, com mais de 35 anos de atuação, posição de destaque e liderança em consultoria contábil e no auxílio a Pequenas e médias empresas (PMEs)
Fundada em 1973, em São Carlos, por Antonio Stefane. O Grupo Stefane tem reconhecida expertise no segmento de serviços contábeis, e colhe bons frutos em empresas nos outros segmentos
que atua. Sempre de forma integrada e focada nas PMEs.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

sábado, 4 de maio de 2013

MINISTÉRIO DA CULTURA INFORMA.

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