sexta-feira, 12 de julho de 2013

"ARS LONGA; VITA BREVIS", DO NEY VILELA.


Rogério, Ney e Eduardo - Letras e Sons
 
Meus amigos visitantes, quero manifestar minha homenagem ao professor Ney Vilela, de São Carlos, por sua brilhante atuação no movimento cultural do nosso Estado (São Paulo). Hoje ele é responsável pela Coordenadoria de Artes e Cultura da Prefeitura Municipal de São Carlos, com atuação impecável. É também, com Rogério Bastos e Eduardo Lima, componente do grupo Letras e Sons. Publico abaixo o seu texto "Ars longa; vita brevis", no qual fala sobre momentos culturais dos mais belos.
"Ao final do show Letras e Sons e as canções de protesto (apresentado no SESI-Jaú, no dia 10 de julho), três senhores homenagearam os artistas entoando – com lágrimas nos olhos – parte da música “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré. Nesse mesmo local e momento, uma jovem de vinte anos perguntou por que as aulas de história não poderiam ser como o show que ela acabou de presenciar. Também no dia 10 de julho, os jovens concertistas que participam do I Festival Internacional de Música de São Carlos fizeram uma apresentação no Asilo Helena Dornfeld, em São Carlos. Enquanto se apresentavam, um senhor (que veio visitar sua esposa, residente no asilo) buscou um pente para arrumar os cabelos de sua amada. Disse para ela: “Você merece ficar mais bonita, para escutar essa música!”. No dia 11 de julho, os mesmos concertistas percorreram os corredores da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, molhando de sons todas as dependências do hospital. Em um dos quartos estava um menininho que, há muitos dias, não saia da cama. Para espanto de sua mãe, decidiu acompanhar os músicos, por algumas dezenas de metros. Entre lágrimas de felicidade, a mamãe seguiu o jovem, carregando a bolsa de soro de seu filho... Ainda no dia 11 de julho, os integrantes do Grupo Preto no Branco, nos camarins do Teatro Municipal Dr, Alderico Perdigão, preparavam – cantando ao ritmo da música clássica que vinha das coxias e do palco – seus elementos cenográficos para a apresentação que representará São Carlos no Festival São-carlense de Teatro. O que esses fatos indicam? Parece inequívoco: toda forma de arte é revolucionária. Isso se observa claramente nas músicas com letras iracundas, do Geraldo Vandré. Mas a música de concerto fez uma criança doente reencontrar a felicidade e uma jovem mamãe mostrar – em seus olhos – que brilham, infatigáveis, os mil fogos da esperança. E isso também é revolucionário. A arte dá dignidade e amor para a velhice em um asilo. Em qualquer lugar, a arte engrandece todos: os músicos, os atores, os ouvintes. O público numeroso, que acompanhou o Primeiro Festival Internacional de Música de São Carlos, mostrou-se diversificado: havia funcionários públicos, comerciários, enfermeiras velhinhas, artesãos, professores, estudantes e casais de meia idade. Eles escutavam a música como se estivessem rezando e saiam dos concertos com a alma contente e o rosto  sereno. Acho que eles encontraram o significado supremo da arte e do viver. Assim, “arte engajada” talvez seja um pleonasmo: toda forma de arte carrega consigo o compromisso de dignificar quem a produz e quem a admira e a recebe. Todos os homens e mulheres, toda a sociedade se fortalece sob a generosa proteção das musas. Resta-nos agradecer aos professores, alunos e concertistas que nos brindaram com o I FIMSC. Muito obrigado por tudo o que nos ofereceram. Já estamos com saudades e aguardamos, ansiosos, o Festival do ano que vem."

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