Segundo a Escola de Frankfurt, os filósofos ilustrados queriam livrar o mundo do feitiço. Pretendiam erradicar os mitos e, por consequência, eliminariam a imaginação, substituindo-os pelo saber.
O casamento feliz entre o entendimento humano e a natureza
das coisas, que Bacon tinha em vista, era patriarcal: o entendimento, que
venceu a superstição, devia ter voz de comando sobre a natureza desenfeitiçada.
A técnica é a essência desse saber. O
objetivo da técnica não é a busca de conceitos ou imagens nem a felicidade da
contemplação, mas o uso do método, a exploração do trabalho dos outros e o
acúmulo de capital. Segundo os iluministas, o que os homens querem aprender da
natureza é como aplicá-la para dominar completamente os acontecimentos naturais
e todos os outros homens. Fora disso, nada conta. Poder e conhecimento são
sinônimos.
O desenfeitiçamento do mundo, promovido pelo Iluminismo, é a
erradicação do animismo. Xenófanes zombava dos muitos deuses, por serem eles
semelhantes aos homens, que os produziram, no que estes têm de acidental e de
pior. (...) Para os iluministas, o animal totêmico, os sonhos de um visionário
e a ideia absoluta, não possuem diferenças entre si. Mas, ao caminhar em busca
da ciência moderna, os homens se despojam do sentido. Eles substituem o
conceito pela fórmula, a causa pela regra e pela probabilidade. O que não se
ajusta às regras do interesse calculista e da utilidade é suspeito para o
Iluminismo. O Iluminismo é totalitário. (ADORNO e HORKHEIMER).
Ou como diriam Adorno
e Horkheimer, em Dialética do Iluminismo: “O racionalismo das luzes
adota a mesma atitude com relação aos objetos que o ditador em relação aos
homens. Conhece-os para melhor os dominar”.
Max Weber, em seus escritos, parece ir ao mesmo caminho de
Adorno e Horkheimer, pois considera que à medida que o mundo é despojado de
seus aspectos místicos, míticos, sagrados e proféticos, acaba se tornando
mecânico, repetitivo, causal. O mundo assim desencantado deixa um imenso vazio
na alma.
O sentimento de vazio, apontado por Weber, se aproxima dos
escritos de românticos como Novalis e Hölderlin, que viviam a perda de valores
tradicionais e o advento do mundo utilitário e do prestígio do dinheiro como
alienação do homem no mundo; sentimento de que os homens são estranhos no mundo
– um sentimento de exílio. Tanto para Weber quanto para os românticos, o
fortalecimento do capitalismo e a universalização do valor de troca, do
mercado, do dinheiro como fetiche são vividos como miséria.
Novalis e Hölderlin, os românticos em geral, Weber, Adorno e
Horkheimer concordam em considerar que não são os homens ativos e conscientes
que comandam o mundo das mercadorias, mas, ao contrário, são as mercadorias que
determinam as relações entre os homens. O mercado mundial é a forma
contemporânea de destino.
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