JOSÉ BONIFÁCIO: O HERÓI ESQUECIDO? - I

“Eu desta glória só fico contente

que a minha terra amei,

e a minha gente.”

(José Bonifácio de Andrade e Silva)

 José Bonifácio de Andrada e Silva, nasceu em Santos em 13 de junho de 1763, na antiga rua Direita, hoje XV de Novembro, portanto há 249 anos. Teve mais oito irmãos, entre eles Antonio Carlos e Martim Francisco, que o acompanharam em suas lutas políticas por um Brasil liberto de Portugal, contra a escravidão e em favor de ideias que, ainda hoje são motivo de debates mundiais, como são o caso das questões ambientais.
Por seu compromisso com o futuro, suas ideias desenvolvimentistas, aos vinte anos desembarca em Portugal para estudar direito e filosofia na Universidade de Coimbra. Frequentou cursos de mineralogia, de química, de metalurgia, matemática e geologia, durante os trinta e seis anos que permaneceu na Europa. Por mérito obteve uma bolsa de estudos do governo português, para fazer pós-graduação em mineralogia na Universidade de Paris, atual Sorbonne. Quando chega a Paris, a Revolução Francesa está em seu auge, e José Bonifácio passa a ter contato com as obras dos filósofos iluministas, tais como: Jean Jacques Rousseau, Voltaire, Diderot e Montesquieu.
Passa a defender o ideário da Revolução Francesa, traduzido no lema “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, passando a integrar o quadro associativo da Sociedade de História Natural de Paris. Ao deixar a França  ingressou no Curso de Doutorado em Mineralogia da Universidade de Freiberg, na Alemanha, onde se torna fluente na língua germânica e torna-se amigo do ecologista alemão Alexander Von Humboldt, adquirindo os conceitos de preservação dos recursos naturais e das ciências relacionadas com a manutenção das florestas.
Após deixar a Alemanha, José Bonifácio viaja pela Suécia, Noruega e Dinamarca, onde aumenta seus conhecimentos na área de mineralogia e fabricação do aço, ocasião em que recebe convite do Rei da Noruega para ser Ministro de Minas. Ao retornar ao Brasil vem pleno de conhecimentos nessas áreas estratégicas, mas antes passa pela Universidade de Coimbra, onde cria a cadeira de Metalurgia a qual dirigiu por algum tempo. Reorganiza o curso de Mineralogia, e mantém vários contatos com autoridade da Escandinávia, visando a instalação de Usinas Siderúrgicas em Portugal e no Brasil.
Aqui, elabora o projeto da primeira siderúrgica a ser implantada em Araçoiaba da Serra, a qual deu o nome de Usina Ipanema. Ao aportar em Santos em 1819, com 57 anos de idade, uma de suas primeiras atitudes foi determinar a libertação de 200 escravos de propriedades de sua família, ato que foi seguido por toda a elite santista, o que transformou a cidade como a primeira do país, a promover a luta contra a escravidão. Continuo em próximo comentário, a história desse grande estadista, talvez o único já nascido em nosso país.
CARLOS PINTO - Jornalista
(16.06.12)